Seminário propõe diretrizes para a gestão do lixo


“Em quase todo lugar que eu vou encontro cobranças, mas aqui estou vendo muita gente boa disposta a ajudar. Vocês podem me convidar para qualquer evento que organizem. Estou aprendendo muito com vocês”. Com essas palavras terminou o seu discurso a maior autoridade presente durante o encerramento do seminário “Soluções para o Lixo na Região de Visconde de Mauá”, o prefeito de Bocaina de Minas, Wilson Moreira Maciel. Além do prefeito de Bocaina, participaram da mesa de encerramento os secretários de Meio Ambiente e de Turismo do município mineiro, Alfredo de Carvalho e Paulo Costa, o presidente da Agência do Meio Ambiente de Resende - AMAR, Luis Felipe Cesar e o administrador de Mauá, Fernando Quirino. 
O seminário, que aconteceu na primeira semana de abril na Escolinha Roberto Bühler em Maringá Minas, foi organizado pelo Conselho Gestor da Microbacia Hidrográfica do Alto Rio Preto e contou com excelente participação popular, somando mais de setenta pessoas a cada dia.
No início do seminário foi realizado um diagnóstico, quando representantes de cada vale e recantos da região relataram a dramática situação de coleta do lixo nos seus locais de moradia ou trabalho. Dentre os problemas mais constantes estão o número insuficiente de vezes que o caminhão da coleta passa; a falta de alcance em todas as ruas e o comportamento dos usuários que não acondicionam devidamente o lixo. Na segunda etapa do primeiro dia teve enfoque a reutilização de materiais. Representantes do Galpão da Gávea, um programa da prefeitura do Rio de Janeiro, mostraram o trabalho social que realizam ao convidar artistas plásticos para expor suas obras no espaço e proporcionar oficinas com materiais já descartados a crianças carentes. Desse modo, em apenas alguns minutos, algumas dezenas de garrafas Pet foram transformadas em móveis com resistência aprovada até mesmo pelo Inmetro.
No segundo dia, os participantes puderam observar demonstrações de experiências bem sucedidas em coleta seletiva de lixo como o programa do lixo zero realizado biólogo Luis Toledo em Volta Redonda. Toledo apresentou um vídeo mostrando como construiu uma casa de três andares utilizando material encontrado no lixo. Garrafas de vidro e pet viraram paredes e as telhas foram fabricadas a partir das embalagens de tetra pek (caixas de leite e de suco) além de reaproveitar diversos outros materiais encontrados no lixo. A hoteleira Norma Bühler, por sua vez, apresentou o programa de lixo mínimo que pratica há anos em seu hotel na região, mostrando que não só os funcionários mas até os hóspedes colaboram na hora de selecionar o lixo. Em seu hotel há diversos tipos decomposteiras para decomposição do lixo orgânico e sua transformação em húmus para jardim. Norma Bühler comunicou que seus jardins estão abertos a visitação de moradores e empresários locais que desejem aprender o processo de fabricação de húmus.
Também nesse dia os participantes puderam observar artesãos que fazem bijuterias e pequenos objetos a partir de revistas e jornais e também o trabalho de Maurício Rosa que fabrica papel a partir da folha da bananeira e outros tipos de plantas da região. Outro trabalho que provocou forte interesse nos participantes foi a fabricação de sabão a partir de óleo de cozinha usado.
No último dia, os participantes tiveram palestra com Professor Emílio Eigenheer, pioneiro em coleta seletiva no Brasil e coordenador do Centro de Informações sobre Resíduos Sólidos na Universidade Federal Fluminense e ouviram explicações acerca do aterro sanitário de Resende e do respectivo consórcio intermunicipal, pelo Secretário de Desenvolvimento Urbano de Resende, o Sr. Ruy Saldanha.
Embasados por essas informações os presentes realizaram um “Brainstorm”, que no linguajar local transformou-se em “Toró de Palpites”, e separados em grupos deliberaram uma série de resoluções sobre o assunto que irá transformar-se num conjunto de diretrizes pela quais irão se empenhar o Conselho Gestor.
As resoluções foram agrupadas em cinco temas: educação ambiental, pontos de coleta; separação do lixo na origem; coleta e transporte e lixo de rua e podas. Entre as resoluções para curto prazo figuram separação no caminhão para colocar o lixo seco seletivo; padronização dos dias e horários de coleta e ampla divulgação dos mesmos; coleta extra após os feriados. Já para médio prazo estão previstas campanhas de educação para moradores e turistas; criação de um selo para estabelecimentos que cuidem do próprio lixo e instrução dos coletores. Dentre as medidas a longo prazo podemos destacar: a utilização de um caminhão chamado Secão, somente para lixo seco, e a criação de postos de coleta seletiva do lixo e a notificação e sanção via poder público para moradores que não disponham o seu lixo devidamente acondicionado.

Consuelo Pamplona
Assessora de Comunicação
Crescente Fértil
(24) 3381.7110


Fernando Quirino, Administrador de Mauá (em primeiro plano) durante o Seminário

Rui Saldanha , Secretário de Planejamento de Resende (à esquerda).

Wilson Maciel, Prefeito de Bocaina de Minas (ao centro).

Alfredo Carvalho , Secretário de Meio Ambiente de Bocaina de Minas.

Sala lotada durante palestra do Seminário





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